Na tarde deste sábado, 5 de novembro, Vantuil de Oliveira Zacarias, de 35 anos, pai de 8 filhos, que trabalhava como mototaxista, morreu após ser baleado. Ele morava no Morro da Fallet, em Santa Teresa, na região central do Rio, onde foi atingido por um tiro em frente à sua casa. A polícia diz que ainda não sabe quem efetuou o disparo, mas seus parentes insistem que foi a polícia, que assumiu que Vantuil era um criminoso porque ele era negro e vivia em uma favela.
A esposa de Vantuil, Priscila Santou, contou ao The Intercept Brasil que seu marido chegou em casa com um amigo para conferir se alguma das crianças estava brincando na rua. Ele foi baleado durante um tiroteio entre policiais e traficantes no Morro da Coroa, bem em frente à comunidade em que morava. O tiro atingiu Vantuil e se alojou no braço do amigo.
Priscila escutou um barulho e correu para ver. Vantuil, sangrando na escadaria, pedia calma e dizia que a amava. Ela contou que eles conseguiram ajuda e saíram de carro em direção ao hospital, mas na esquina da rua Itapiru com a rua Queiroz Lima, o carro foi parado por um Caveirão que interrompia o trânsito. O motorista do carro foi agredido por policiais, que acusavam Vantuil de ser traficante, e o carro ficou retido por cerca de meia hora.
Já no Hospital Souza Aguiar, Priscila aguardava notícias quando uma enfermeira trouxe as roupas de Vantuil dentro de uma sacola. O olhar da enfermeira fez Priscila entender tudo, Vantuil estava morto. Depois, um policial entregou os documentos de Vantuil a Priscila dizendo “meus pêsames,” e, ao virar as costas, “menos um.”
A bala que poderia comprovar a suspeita de que o tiro tenha partido da polícia está alojada no braço do amigo de Vantuil. Os médicos, no entanto, dizem que a remoção da bala pode comprometer o braço do rapaz. Por causa disso, a evidência que mostraria quem atirou em Vantuil não está disponível.
Esta é uma cena comum no Brasil, onde a policia mata em 6 dias o mesmo numero das pessoas que a policia britânica mata em 25 anos. Exatamente por isso é crucial não aceitar essas injustiças como normais ou permitir que o sofrimento que elas causam passe despercebido.
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